Abordagens in silico: Uma forma de descobrir novos fármacos para o tratamento do cancro do colo do útero

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Abordagens in silico: Uma forma de descobrir novos fármacos para o tratamento do cancro do colo do útero

Quarta, 11.08.2021

O cancro do colo do útero (CCU) é considerado a 4º causa mais comum de morte em mulheres em todo o mundo, com mais de 99% dos casos relacionados com infeção pelo papiloma vírus humano (HPV). De acordo com os dados do Globocan, em 2020, ocorreram 341 831 mortes observando-se uma maior incidência em países em desenvolvimento devido principalmente ao limite de recursos financeiros e acesso a cuidados de saúde. O desenvolvimento desta patologia está relacionado com a expressão das proteínas E6 e E7 do HPV, uma vez que estas têm a capacidade de interferir com os mecanismos de regulação celular potenciados por proteínas supressoras de tumor, como as proteínas p53 e pRB. Os tratamentos atuais como a cirurgia, radioterapia ou quimioterapia afetam tecidos normais e apresentam diversos efeitos secundários o que pode causar desconforto e redução na qualidade de vida dos pacientes. A investigação na área do CCU é constante e estão a ser estudadas novas formas de o detetar e tratar, tendo em vista a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. O papel relevante da proteína E6 na progressão da infeção para aparecimento de cancro, tem despertado o interesse dos cientistas como alvo terapêutico com a finalidade de desenvolver agentes anticancerígenos. Assim, os investigadores têm apostado na combinação de métodos in silico (computacionais) com estudos in vitro para encontrar de forma mais rápida potenciais inibidores/bloqueadores da proteína E6 com características aceitáveis para um tratamento mais específico e menos invasivo do CCU. Uma colaboração entre o grupo de investigação liderado por Ângela Sousa (CICS-UBI, Portugal), o grupo dirigido por Christianne Soares (UNESP, Brasil) e o grupo coordenado por Aldo Venuti (IRCCS-IRE, Itália) resultou neste artigo de revisão, onde para além da contextualização do papel do HPV no desenvolvimento do CCU e os tratamentos atuais, aborda diversos trabalhos que aplicam métodos in silico para a descoberta de novos inibidores da proteína E6 e a importância dos mesmos no desenvolvimento de novos fármacos.  

 

Autores e afiliações:

Diana Gomes 1,2,3, Samuel Silvestre 1,4,5,6, Ana Paula Duarte 1,4,6, Aldo Venuti 7, Christiane P. Soares 8, Luís Passarinha 1,2,3,4 e Ângela Sousa 1

1  CICS-UBI–Health Sciences Research Centre, Universidade da Beira Interior, Covilhã 6201-506, Portugal

2  UCIBIO–Applied Molecular Biosciences Unit, Departamento de Química/Departamento Ciências da Vida, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade NOVA de Lisboa, Caparica 2829-516, Portugal

3  Associate Laboratory i4HB - Institute for Health and Bioeconomy, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade NOVA, 2819-516 Caparica, Portugal

4  Laboratório de Fármaco-Toxicologia-UBIMedical, Universidade da Beira Interior, Covilhã, 6200-284, Portugal

5  CNC-Center for Neuroscience and Cell Biology, University of Coimbra, Coimbra 3004-504, Portugal

6  C4–Cloud Computing Competence Centre, UBIMedical, Universidade da Beira Interior, Estrada Municipal 506, , Covilhã, 6200-284, Portugal

7  HPV-UNIT-UOSD Tumor Immunology and Immunotherapy, IRCCS Regina Elena National Cancer Institute, Rome 00144, Italy

8  Department of Clinical Analysis, School of Pharmaceutical Sciences, São Paulo State University (UNESP), Campus Ville, Araraquara, São Paulo, 14800-903, Brazil

 

Abstract:

Cervical cancer (CC) is the fourth most common pathology in women worldwide and presents a high impact in developing countries due to limited financial resources as well as difficulties in monitoring and access to health services. Human papillomavirus (HPV) is the leading cause of CC, and despite the approval of prophylactic vaccines, there is no effective treatment for patients with pre-existing infections or HPV-induced carcinomas. High-risk (HR) HPV E6 and E7 oncoproteins are considered biomarkers in CC progression. Since the E6 structure was resolved, it has been one of the most studied targets to develop novel and specific therapeutics to treat/manage CC. Therefore, several small molecules (plant-derived or synthetic compounds) have been reported as blockers/inhibitors of E6 oncoprotein action, and computational-aided methods have been of high relevance in their discovery and development. In silico approaches have become a powerful tool for reducing the time and cost of the drug development process. Thus, this review will depict small molecules that are already being explored as HR HPV E6 protein blockers and in silico approaches to the design of novel therapeutics for managing CC. Besides, future perspectives in CC therapy will be briefly discussed.

 

Revista: Pharmaceuticals

 

Link: https://www.mdpi.com/1424-8247/14/8/741