Associação Portuguesa de Investigação em Cancro
Minor canabinoides atuam em alvos moleculares importantes para o cancro da mama
Minor canabinoides atuam em alvos moleculares importantes para o cancro da mama
O cancro da mama recetor de estrogénio positivo (ER+) é o subtipo mais diagnosticado em todo o mundo. O desenvolvimento de resistência endócrina associada ao tratamento destes tumores tem levado à implementação de novas estratégias como a combinação das terapias clássicas com novos agentes terapêuticos.
Os canabinoides são já utilizados no tratamento dos efeitos adversos associados à quimioterapia e recentemente, vários estudos pré-clínicos em vários tipos de cancro demonstraram as suas propriedades anticancerígenas e potencial terapêutico. No entanto, apesar da planta Cannabis possuir mais de 120 canabinoides, a maioria dos estudos continua a focar-se apenas no Δ9-tetrahidrocanabinol (THC) e no canabidiol (CBD). Contudo, existem outros canabinoides que podem possuir características farmacológicas relevantes para o tratamento do cancro. Neste sentido, investigadores do grupo Drug Targets and Biomarkers da UCIBIO-Laboratório de Bioquímica da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, em colaboração com o Laboratório de Química Orgânica e Farmacêutica do Departamento de Ciências Químicas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e com o National Food Institute na Universidade Técnica da Dinamarca, decidiram explorar os efeitos de todos os fitocanabinoides identificados até ao momento em três dos principais alvos terapêuticos associados ao cancro da mama ER+ (subtipo luminal A), a aromatase, o ERα e o recetor de androgénio (AR). Os investigadores começaram por avaliar in silico o potencial destes compostos como inibidores da aromatase, antagonistas do ERα e agonistas do AR. Os mais promissores foram também avaliados em modelos in vitro. Nove canabinoides mostraram ser capazes de induzir efeitos relevantes nos alvos estudados, realçando o potencial destes compostos na implementação de novas estratégias terapêuticas para este tipo de cancro.
Assim, este estudo vem reforçar o potencial dos canabinoides como agentes farmacológicos, com grande espetro de ação, e que podem representar uma nova esperança para o tratamento do cancro da mama.
Autores e Afiliações:
Cristina Ferreira Almeida1,2, Andreia Palmeira3,4, Maria João Valente5, Georgina Correia-da-Silva1,2, Anne Marie Vinggaard5, Maria Emília Sousa3,4, Natércia Teixeira1,2, Cristina Amaral1,2
1 UCIBIO, Laboratory of Biochemistry, Department of Biological Sciences, Faculty of Pharmacy, University of Porto, Rua Jorge Viterbo Ferreira, n° 228, 4050-313 Porto, Portugal
2 Associate Laboratory i4HB - Institute for Health and Bioeconomy –, Faculty of Pharmacy, University of Porto, Rua Jorge Viterbo Ferreira, n° 228, 4050-313 Porto, Portugal
3 Laboratory of organic and Pharmaceutical Chemistry, Department of Chemical Sciences, Faculty of Pharmacy, University of Porto, Porto, Portugal
4 CIIMAR – Interdisciplinary Centre of Marine and Environmental Research, Matosinhos, Portugal 5 National Food Institute, Technical University of Denmark, 2800 Kongens Lyngby, Denmark
Breast cancer therapy has been facing remarkable changes. Classic treatments are now combined with other therapies to improve efficacy and surpass resistance. Indeed, the emergence of resistance demands the development of novel therapeutic approaches. Due to key estrogen signaling, estrogen receptor-positive (ER+) breast cancer treatment has always been focused on aromatase inhibition and ER modulation. Lately, the effects of phytocannabinoids, mainly Δ9-Tetrahydrocannabinol (THC) and cannabidiol (CBD), have been evaluated in different cancers, including breast. However, Cannabis sativa contains more than 120 phytocannabinoids less researched and understood. Here, we evaluated, both in silico and in vitro, the ability of 129 phytocannabinoids to modulate important molecular targets in ER+ breast cancer: aromatase, ER and androgen receptor (AR). In silico results suggested that some cannabinoids may inhibit aromatase and act as ERα antagonists. Nine selected cannabinoids showed, in vitro, potential to act either as ER antagonists with inverse agonist properties, or as ER agonists. Moreover, these cannabinoids were considered as weak aromatase inhibitors and AR antagonists with inverse agonist action. Overall, we present, for the first time, a comprehensive analysis of the actions of the phytocannabinoids in targets of ER+ breast tumors, pointing out their therapeutic potential in cancer, and in other diseases.
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